Dados
são de estudo da Fiocruz Bahia
Um
estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) aponta que mais de
14 milhões de brasileiros estão com a segunda dose da vacina contra
covid-19 em atraso de mais de 15 dias. A informação foi divulgada hoje (4)
no segundo Boletim VigVac, produzido pela Fiocruz Bahia, com base em
dados até 25 de outubro.
Os
pesquisadores ressaltam que o número de pessoas com a dose em
atraso de mais de 15 dias duplicou, entre 25 de setembro e 25
de outubro, saltando de cerca de 7 milhões para 14.097.777. Cerca
de metade dos atrasados já deveria ter tomado a segunda dose
há mais de 30 dias e 14% deles já perderam o prazo há mais de 90
dias.
A
análise levou em conta apenas atrasos de mais de 15 dias por
considerar o tempo de entrada das informações na Rede
Nacional de Dados em Saúde (RNDS) e por entender que um tempo curto
de atraso pode ocorrer por motivos de dificuldade de agendamento e
indisponibilidade das pessoas para se vacinarem. Além disso, os
pesquisadores ponderam que o risco individual não é elevado em um
intervalo relativamente curto de demora na conclusão do esquema
vacinal.
Entre
as vacinas utilizadas no Brasil, AstraZeneca, Coronavac e Pfizer
requerem a aplicação da segunda dose para que a imunização
seja considerada completa. O número de atrasos para a AstraZeneca
é de 6.739.561; Coronavac, 4.800.920; e Pfizer, 2.557.296. Os dados
do atraso na segunda dose podem ser consultados em um painel
mantido pela Fiocruz Bahia.
Motivos
Os
pesquisadores alertam que o atraso diagnosticado no sistema de
informações do Ministério da Saúde pode ser justificado por
diferentes razões, como a própria demora em buscar a segunda dose,
a lentidão para registro na base de dados, o esgotamento e a
sobrecarga das equipes de gestão, vigilância e atenção à saúde,
a disseminação de notícias falsas sobre a imunização, a falta
de estoque de reserva de imunizantes e mortalidade, dentre outros.
Apesar
dessa variedade de possibilidades, a pesquisa ressalta que os
gestores de saúde devem fazer uma análise cuidadosa para
identificar as causas mais prováveis do atraso em cada
localidade. "Este diagnóstico será útil para orientar
as ações de estímulo à população para completar o esquema
vacinal", recomendam.
"É
fundamental adotar estratégias para aumentar a adesão ao esquema
vacinal completo, uma vez que os estudos sobre efetividade de vacinação
têm demonstrado que a proteção contra infecção, hospitalização
e morte é significativamente maior no grupo com esquema vacinal
completo quando comparado com o grupo com apenas uma dose da vacina.
Também foi mostrado que a proteção contra as novas variantes do
Sars-CoV-2 é mais efetiva somente após duas doses da vacina."
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