Estudo
clínico aplicará o imunizante em 90 voluntários
A
vacina brasileira contra a covid-19 deu um importante passo hoje
(13), data em que inicia o primeiro estudo clínico que aplicará o
imunizante em 90 voluntários com idades entre 18 e 55 anos de
idade. A fase 1 do estudo escolherá, de forma randomizada, a dose
mais segura e o regime de dose que estimula resposta durável de
anticorpos que neutralizam o organismo contra o novo coronavírus.
“Vamos
agora medir a resposta imunológica específica e avaliar a
imunidade celular dos participantes”, explicou o médico
infectologista Roberto Badaró, responsável pela pesquisa e pelo
desenvolvimento da vacina, em cerimônia ocorrida na sede do Serviço
Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), em Salvador.
A
expectativa do pesquisador é de que a primeira fase do estudo seja
concluída em três meses, e que, se tudo der certo, em um ano ou
pouco mais a vacina já esteja disponível.
Na
fase 2, que terá a participação de 400 voluntários, será
testada a eficiência da vacina; e a fase 3 é a da administração
em larga escala.
Primeira
aplicação
O
primeiro a receber a dose da vacina brasileira foi o técnico de
segurança patrimonial Wenderson Nascimento Souza, de 34 anos de
idade. A aplicação do imunizante foi feita pelo secretário de
Pesquisa e Formação Científica do Ministério da Ciência,
Tecnologia e Inovações (Sepef/MCTI), Marcelo Morales.
Presente
na cerimônia, o ministro de Ciência, Tecnologia e Inovações,
Marcos Pontes, disse que o 13 de janeiro de 2022 é um “dia histórico”
tanto para a ciência no Brasil como para os brasileiros. “Neste
ano do bicentenário da independência do Brasil, damos partida na
independência do Brasil na produção de vacinas. Estamos em um
ponto de inflexão na história do Brasil”, disse, ao destacar o
papel de resgate que a ciência teve em vários momentos difíceis
da humanidade.
Pontes
lembrou que existem três tipos de vacinas, as importadas, as
licenciadas e as nacionais, aquelas feitas por cientistas
brasileiros. “É importante para o país ter soberania,
autossuficiência e independência na produção de itens tão
importantes para a vida dos brasileiros”, disse.
“Daqui
para a frente, a gente pode dizer, de forma reduzida, que se o
planeta não pode vender vacinas para o Brasil, o Brasil pode vender
vacinas para o planeta”, acrescentou.
Vacina
A
vacina RNA MCTI CIMATEC HDT é composta de duas partes, que são
misturadas antes da aplicação: uma molécula de replicon de RNA (repRNA)
e uma emulsão composta por água e um tipo especial de óleo e moléculas
magnéticas, chamada de Lion, que ajuda a proteger a molécula do
repRNA e faz o transporte até as células alvo.
Uma
vez dentro das células, o repRNA é reconhecido como RNA
mensageiros pelos ribossomos, que são estruturas que produzem as
proteínas, com as instruções trazidas pelo RNA. Os ribossomos
fabricam inicialmente o replicon, que gera várias cópias de si
mesmo e, depois, as proteínas do coronavírus, que são quebradas
em pequenos pedaços e expostas a nosso sistema imunológico. O
organismo então identifica os fragmentos como algo estranho e passa
a produzir anticorpos contra o novo coronavírus.
Segundo
o infectologista Roberto Badaró, a vacina brasileira, que é de
terceira geração, apresenta alguns benefícios específicos, como
o uso de um número menor de componentes, podendo ser aplicada em
doses mais baixas e sem a necessidade de imunizações seguidas.
“Poderemos, em um sequenciamento e com a capacidade de sintetizar
em uma única proteína as cinco variantes, ter uma vacina com as
cinco variantes, no futuro. Portanto, podemos ter a vacina que
rotineiramente será utilizada”, explicou o médico
infectologista.
O
desenvolvimento pré-clínico e clínico da vacina tem a participação
dos Estados Unidos, Brasil e Índia, por meio de parceria entre as
empresas HDT BioCorp. (Estados Unidos), Senai Cimatec (Brasil) e
Gennova Biopharmaceuticals (Índia). No Brasil, a parceria conta com
o apoio da RedeVírus e com o financiamento do MCTI.
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