Ministro
diz que é preciso avançar na aplicação de reforço e que ainda não
há evidência científica sobre necessidade de dose extra
O
ministro da Saúde, Marcelo
Queiroga, afirmou nesta quinta-feira (10) que a expectativa e a
cobrança da adoção da quarta
dose da vacina contra a Covid-19 não auxiliam no combate
à pandemia.
Segundo ele, essa aplicação entrará no rol de medidas contra o coronavírus quando
a área técnica da pasta reunir evidências de
que é necessária para que as pessoas estejam mais protegidas da
doença.
“Essa
ansiedade em querer aplicar a quarta dose sem evidência
científica também não ajuda no enfrentamento da
pandemia. É fundamental avançar a dose de reforço, eu tenho dito
e reitero”, declarou.
Segundo
o ministro, o comitê técnico que apoia a Secovid (Secretaria
Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19)
está analisando a aplicação da quarta dose na população com 18
anos ou mais e vai orientar sobre a adoção da medida no momento em
que houver indicação de especialistas. O Ministério da Saúde não
tem compromisso com a adoção de doses de vacina quando isso
"for em desconformidade com o que foi decidido pela área técnica”,
disse.
Na
última segunda-feira (7), o ministro declarou que o Brasil
não deverá aplicar a quarta dose da vacina contra a Covid-19 por
enquanto. Ele usou como argumento um parecer do grupo técnico
da Secovid que afirma que a "dose de 2022" ainda não
seria recomendada. "A secretária Rosana [Leite de Melo, secretária
extraordinária de Enfrentamento à Covid do Ministério da Saúde]
conversou comigo na sexta-feira passada e disse que o grupo técnico,
neste momento, não avalia aplicar a quarta dose. Mas na prática
seria a dose de 2022."
Queiroga
prosseguiu dizendo que o ministério deve trabalhar para que a
campanha de imunização chegue a todos os públicos aptos a receber
as vacinas. "O que nós temos são doses, para garantir que
todas as doses necessárias que sejam recomendadas pelos técnicos
sejam disponibilizadas para a população brasileira."
São
Paulo
Sobre
o Governo
de São Paulo ter anunciado que poderá aplicar a quarta dose,
Queiroga disse que o estado não terá garantia da pasta de que
receberá os imunizantes. “Primeiro, não tem evidência científica
nem base técnica para fazê-lo no momento. Em segundo lugar, quando
se faz em dissonância com o que o Ministério da Saúde recomenda,
nós não temos compromisso de entregar doses.”
Nesta
quarta-feira (9), o governador de São
Paulo, João Doria, declarou que considera conceder a quarta
dose, mas que a aplicação não será adotada neste momento.
"Não afirmamos que a quarta dose seria aplicada imediatamente.
Considerar não significa aplicar, principalmente aplicação
imediata. Vacinamos a população todos os anos. Não houve nenhuma
afirmativa que será aplicada no curto prazo", disse.
Doria
havia dito que poderia adotar a aplicação extra mesmo sem o aval
do governo federal. Com as vacinas aprovadas pela Anvisa (Agência
Nacional de Vigilância Sanitária), os entes federados têm
autonomia para realizar aplicações.
Após
as declarações de Doria, Queiroga afirmou que quem tem feito a
compra e distribuição dos imunizantes é o Ministério da Saúde e
que as doses são entregues conforme decisões de natureza técnica.
"O governador de São Paulo e outros chefes do Executivo, sejam
de estados ou municípios, muitas vezes interferem no processo decisório
a respeito da imunização. Às vezes são interferências
oportunas, mas essas questões devem ser discutidas no âmbito do
Ministério da Saúde, que é quem lidera esse processo e tem a
obrigação de garantir aos brasileiros esse direito", afirmou
Queiroga.
Reforço
O
ministro Marcelo Queiroga disse que a cobertura vacinal da terceira
dose está em 30% do público apto a receber os imunizantes. Esse número
precisa ser ampliado, afirmou o chefe da pasta, que voltou a
garantir que há vacinas disponíveis e que é necessário convencer
a população sobre sua importância.
“Já
temos doses suficientes. Há mais de 70 milhões de doses com
estados e municípios. Têm que ser aplicadas como dose de reforço.
Essa é a nossa orientação, que temos dado de maneira
reiterada”, declarou.
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