Ao contrário do que o Prefeito anunciou,
Secretário de Saúde declarou, nesta terça-feira (28), que hospital
não é exclusivo para Covid-19, como Prefeitura havia divulgado
O Ministério Público
do Estado de São Paulo (MPSP) instaurou um inquérito civil para
investigar a situação de crianças com câncer que estão
internadas no Hospital Santa Lydia, unidade que deveria atender
exclusivamente pacientes com Covid-19.
Na última quarta-feira, 22, a
Prefeitura de Ribeirão Preto publicou uma nota informando que o hospital
receberá, exclusivamente, pacientes Covid-19. Na nota, o
Executivo explicou que os pacientes que estavam internados no
hospital com outras enfermidades já estavam em processo de transferência
para outras unidades de saúde.
O hospital possui estrutura
com tem 40 leitos de enfermaria e 17 leitos de UTI (Unidade de
Terapia Intensiva). Desse total, são 15 leitos de UTI e 25
leitos de enfermaria exclusivos para a Covid-19.
Contudo, nesta terça-feira,
28, o secretário de Saúde Sandro Scarpelini declarou, em sabatina
durante sessão extraordinária na Câmara Municipal, que as crianças
em tratamento de câncer seguem sendo atendidas no Santa Lydia.
Questionado pelo vereador Igor Oliveira (MDB) sobre o anuncio de
exclusividade, Scarpelini respondeu: "Nenhum hospital em
Ribeirão é exclusivo, com exceção do São Lucas. Santa Lydia não
é. [...] Todos os hospitais tem paciente com câncer e Covid".
Na sequência, Oliveira
questionou sobre o porquê o prefeito teria anunciado essa
exclusividade. "Precisa perguntar para ele, foi uma
interpretação que ele fez", respondeu o secretário.
Em entrevista concedida à
reportagem da Revide, na segunda-feira, 27, o secretário
confirmou que apenas o setor de adultos foi direcionado para o
atendimento de Covid-19. E que, ao não aceitar outros pacientes no
hospital, geraria leitos ociosos sem necessidade.
"Todos os hospitais de
Ribeirão Preto atendem Covid.O HC que tem uma UTI de Covid
Infantil, Hospital Sinhá Junqueira atende, a Matter também atende.
Vamos fazer o que então? Fechar todos os hospitais porque tem crianças
dentro?", questionou o secretário.
Scarpelini acrescenta que a
repercussão do caso é justificável pelo receio dos pais, mas que
enxerga também intenções políticas. "A queixa dos pais é
um medo natural, mas ai vem o lado político. Criam uma situação
que não existe, se tornam padrinhos dos pais", criticou.
Devido à falta de tempo para
que todos os parlamentares se manifestassem durante a reunião, foi
aprovado a urgência do projeto para nova convocação. A matéria
será discutida durante a próxima sessão, na quinta-feira, 28, e
sendo aprovado, será agendada a data para nova sessão extraordinária.
Ministério Público
Na última semana, após tomar
ciência da situação das crianças no Hospital Santa Lydia, o
vereador Igor Oliveira notificou o Ministério Público sobre a
situação. E, nesta terça-feira, o MPSP confirmou que, por meio do
promotor Sebastião Sérgio da Silveira abrirá um inquérito civil
para investigar a situação.
"A situação é temerária
e muitos registros feitos por mães e profissionais me motivaram a
formalizar a denúncia. As crianças, das mais variadas idades, que
já sofrem com a doença, com o tratamento um tanto quanto invasivo
e com a imunidade baixa, acabam ficando por horas expostas dentro da
unidade de saúde", declarou Oliveira.
Pais e mães também se uniram
para tentar transferir os filhos de hospital. Uma das líderes do
movimento, Daiane do Nascimento Mariano de Oliveira, conta que a
filha de quatro anos faz tratamento no Santa Lydia há pelo menos um
ano e que acha temerário levar a criança, com imunidade baixa, até
o hospital. "Nós estamos trazendo nossos filhos para o foco da
doença. Eles têm imunidade baixa, é um contrassenso"
explicou a mãe.
Santa Lydia
Em nota assinada pela
diretoria do hospital, o Santa Lydia informou que recebe
pacientes com várias enfermidades, inclusive, com Covid-19. Assim
como outros hospitais da cidade. "Nem por isso, os hospitais
deixaram de atender pacientes imunodeprimidos, a rigor da adoção
de outras medidas de biossegurança. Reforçamos nossas alas
adultas, com abertura de mais leitos e realocamos alguns serviços
(consultas de cardiologia, cirurgias eletivas, etc.), para cumprir
com a nossa missão e salvar vidas neste delicado momento",
explicou.
A direção declarou que a área
de oncologia infantil segue em um espaço isolado e não há
contato direto com pacientes com o novo coronavírus. No primeiro
andar do prédio fica a ala de enfermaria e UTI infantil e
neonatal. Na nota, o Hospital garantiu que a equipe que trata das
crianças não atende pacientes com Covid-19. Dedicamos equipes
especialmente para atendimento infantil e neonatal", frisaram
Os leitos de Covid estão dispostos no segundo e terceiro andar do
hospital.
Segundo o hospital, nenhum
paciente com Covid-19 chegará à unidade sem regulação ou sem prévio
aviso. Ou seja, será sempre conduzido por ambulância com uma
equipe para deixá-lo e outra para recebê-lo, com maca ou cadeira
de rodas, intubados em ventilação mecânica ou utilizando máscara
cirúrgica.
A direção esclarece que o
fluxo da entrada é bloqueado para a admissão exclusiva do paciente
com Covid, a fim de que nenhum outro paciente ou acompanhante
circule na recepção simultaneamente, sendo este setor liberado em
seguida.
"Essa passagem de
pacientes com Covid-19 nas áreas comuns durará poucos segundos e
sempre haverá uma equipe (que reforçamos) para garantir que entrem
em adequado isolamento dentro das áreas reservadas do Hospital.
Mesmo assim se os pacientes imunodeprimidos/ familiares preferirem,
ou se sentirem mais seguros, podem realizar a passagem através da
entrada de serviços", escreveu a direção do Santa Lydia.

|